quarta-feira, 13 de maio de 2009

Há credibilidade em notícia pela internet?


Leio bastante pela internet e comparo esse hábito a passear de carro observando as placas e anúncios dessa imensa feira livre que não é ao ar livre, mas também distrai...e como! Distrai tanto que deixa escapar erros grosseiros de ortografia, concordância, sintaxe e de grafia das palavras, invariavelmente, em todas os sites que conheço. Não deixo de comparar, com certo sarcasmo, com as placas e anúncios que todo dia tentam assassinar a nossa língua.

A maioria das pessoas sabe e, obviamente que os profissionais da área principalmente– redatores, editores e inclusive os repórteres, que esse é o calcanhar de aquiles de quem vive o ritmo desse trabalho alucinante que é a busca pela notícia instantânea, em que sacrifica-se o Português, mesmo que provisoriamente. “Coloca aí e depois eu dou uma olhada”, diz o editor para o redator ou o redator para o repórter, e assim vai. Pronto, é aí que mora o perigo.

A maioria dos jornalistas também sabe que esse é um pecado profissional de relevância, desnecessário alongar o assunto, é uma lei universal das redações respeitar e obedecer as regras do idioma, seja sob que circunstância for.

Por isso é lamentável que, ao fazermos aquele passeio básico pela rede, nos deparemos com verdadeiras aberrações. Não vou descer aqui a detalhes e nem ser covarde e citar sites sem prestígio ou pouca visibilidade. Prefiro falar dos grandes, afinal, são os donos da bola.

No G1 por exemplo, dia 13 de maio de 2009, às 09:00 da manhã, fico curioso para ler a matéria especial “G1 na Jordânia”. O correspondente Daniel Buarque viajou a convite do governo e nessa matéria traça um perfil da rainha Rania, em linhas gerais, uma mulher moderna e atuante em um país de tradições milenares.

Fico com o pé atrás pelo fato do governo da Jordânia ter custeado a viagem e estadia do correspondente, acho que esse tipo de ‘oportunidade’ atrapalha também, enfim. Vou em frente, leio a matéria e ao final tenho a sensação de ter perdido meu tempo diante de um texto recheado de clichês e com erros abomináveis de forma e conteúdo.

“Rania se casou com o Rei Abdullah II em 1993, seis anos de ele assumir o trono, quando ainda não havia sido definido de que ele seria o sucessor de Hussein. Além de muito bonita e de ter esta função “publicitária”, ela de fato é inteligente e atua politicamente. Rania atua nas áreas sociais do governo, trabalhando com crianças,
jovens e mulheres.”

Não é uma pérola? O repórter atesta a inteligência da rainha, como quem diz: eu vi, estava lá e ela é, de fato, inteligente. Seria surpreendente se ele, ao contrário, dissesse que a rainha era uma tapada. Da forma como está escrito, não se sabe se o casamento com o rei foi seis anos antes ou depois dele assumir o trono. E sobre as atividades da rainha... bem, não diferem de nenhuma esposa de prefeito de uma cidade qualquer do Brasil. Não é preciso ir à Jordânia a convite do governo para comunicar isso.

Essa é apenas a ponta do iceberg. Os problemas com os textos em portais de conteúdo noticioso são inversamente proporcionais à estrutura. É assim também é com os jornais, rádio e TV – principais fontes alimentadoras dos melhores conteúdos à disposição dos leitores que também se informam pela internet e que a cada dia são mais numerosos.

Espaço cosmopolita e diversificado, a rede mundial de computadores é um mar para os aventureiros, embora também seja um refúgio para os incompreendidos de toda sorte, escrevinhadores sem editor, vídeo-makers criativos ou debilóides.e também um grande confessionário eletrônico.

Todo mundo escreve ou coloca no ar o que bem entender. Isso ora pode provocar imensa catarse coletiva – como no caso Susan Boyle; ou também grandes aborrecimentos (para ser pudico) como no caso recente de uma série de vídeos com jogadores de futebol e artistas conhecidos se masturbando em frente à webcam. Caso mal investigado pela imprensa qualificada e que alcançou muito menos repercussão do que merecia. Onde estão os abutres do azar alheio, os caçadores de escândalos? Seria o comportamento machista brasileiro? Ou despreparo para lidar com as reclamações dos figurões que apareceram em cenas deploráveis e constrangedoras?

A internet chegou para ficar, não tem como mudar isso. Mas ainda há muito a aprender sobre como lidar com essa poderosa tecnologia. Existem muitas perguntas sem resposta que deixam um imenso vácuo jurídico sobre o tema. Principalmente sobre liberdade de expressão, direitos autorais, limites entre o privado e o público e invasão de privacidade, para dar alguns exemplos. É esperar para ver e com muita cautela e manter os olhos abertos. Os distraídos são o alvo preferido dos piratas da rede.


Marco Antônio Alves
http://sites.google.com/site/rubricafilmes

Um comentário:

Unknown disse...

Olá oi! Bom dia! Bom artigo, obrigado. Sempre é bom se buscar fo ntes alternativas de vez em quando, mas têm horas que nos questionamos com o tema deste artigo, nos momentos em que se visita sites de confiabilidade duvidosa, etc...