terça-feira, 22 de maio de 2012



A última jornada



Era o último dia de trabalho! e Juvenal não se fez de rogado. Naquela segunda-feira, chegou atrasado, de zoação com os companheiros e esbanjando incomum bom humor (os colegas o achavam meio "carne de pescoço" no dia-a-dia).

Adiou a sensação de perda que fatalmente viria com o passar do tempo, enfiado dentro de casa e fazendo pequenos reparos domésticos. Afinal, foram décadas dirigindo os ônibus da empresa. A tão sonhada aposentadoria chegara. - Comecei com carroças, gostava de dizer. - Agora tá tudo um creminho..., frisava com ar de autoridade para os colegas mais jovens que certamente teriam de dar duro ainda por um bom tempo antes que, como ele, pudessem celebrar o derradeiro dia de labuta.

 Mastigava, desajeitado, um chiclete para disfarçar o cheiro de álcool. Tinha começado a festa cedo, antes da jornada que, naquele dia, apenas começava. Desceu a rua e na primeira curva entrou num poste.Saiu de maca, sob olhares assustados e com uma baita dor de cabeça.