sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Pesadelo



Fim da linha. Não tinha mais jeito, estava encurralado em um lugar escuro e fétido, depois de uma fuga mal empreendida por vales e montanhas que nem pode olhar direito tamanho era o pânico de ser apanhado.

Desceu barrancos, atravessou corredeiras a nado, pulou cercas e muros, correu dos cães, desviou-se das pedras e outros objetos atirados em sua direção. Horas e horas correndo, alta adrenalina, o coração querendo sair pela garganta.

Não tinha coragem de olhar para trás, a ameaça cada vez mais próxima. Momentos de agonia, desespero e um sofrimento sem fim. Olhou para o lado, numa tentativa ainda de encontrar uma saída. Não dava para enxergar nada, era o breu.

Encostou-se no paredão úmido e suas mãos sentiram o musgo agarrado na pedra, uma fortaleza vertical onde era impossível uma escalada salvadora. Suava frio e já não raciocinava. Nem sabia como entrara em tamanha enrascada.

Um grito. Foi o que lhe restou fazer. Um grito que lhe saiu das entranhas e expulsou os demônios aprisionados no peito. Um grito de som indescritível, que ecoou no paredão e que fez de repente surgir um clarão acima da cabeça e que foi tomando conta do espaço em torno daquele corpo estremecido de horror.

Foi quando acordou assustado depois do sono pesado e um ou mais pesadelos dos quais nem se lembrava direito. Apenas desse, o mais recente, pouco antes de despertar. E foi o suficiente para lhe resgatar um suspiro de alívio. Levantou-se e foi até o banheiro lavar o rosto, escovar os dentes, tirar da boca o ranço e ver a própria cara no espelho.

No espelho, um bilhete colado com chiclete: “Adeus”. Sentou-se no vaso e chorou feito criança. O fim, agora, era real. A dor que sentia também.

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